sábado, 23 de outubro de 2021

Stéreofônica

Como é que se doma

Enigmática dona

Este amor que não se cala

Mesmo que minha boca não fala?

Como é que se faz pra este pobre rapaz

Parar de criar poesia em plena luz do dia


Ao ouvir nas ondas do rádio

Uma voz apaixonante

Que perfura meu peito como um gládio?

 

Como é que se doma, radiofônica dona,

Esta paixão modulada na frequência dos beat

Que faz tua voz ser meu favorito hit?

 

De uma coisa eu sei, e eu falo sério!

Quero

Este canto de sereia que vibra incessante

No meu coração e nos auto falantes.

Sussurrando baixinho ao pé do meu ouvido,

Como um suave gemido,

Só que em estéreo!


Percival Lelo Gomes

 

 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Desaniversario de namoro

 Agora deu ruim mesmo

Agora entendi que é tudo verdade.

Agora percebi que sou mais um coração perdido      

Nas noites desta cidade

 

Tem um lado da cama que tá frio

E só tem um travesseiro

E pra cair no choro, tô por um fio.

Só agora notei

Que só tem uma escova de dente

No armário do banheiro.

Justamente hoje que era pra comemorar

O dia em que nos conhecemos.

Em vez disso, em vez do riso, hoje o dia é de choro.

Neste desaniversário de namoro.

 

Só agora senti que ficou fria a  água quente do chuveiro.

Só agora senti que sinto tua falta

Já que não sinto mais o teu cheiro

 

 agora eu vi que não somos mais amigos no “Face”

E que recebi um block no zap

Só agora notei que tem apenas

Uma das canecas sobre a mesa

E que o Mickey e a Minnie

Já não podem mais se beijar

Depois do nosso café.

É...deu ruim mesmo.

Não vai dar pé.

Andar sem segurar tua mão,

Tá ruim mesmo essa tal de solidão.

 

Volte se puder, para me dizer um novo “sim”

Ou me procure pelos bares das quebradas

Para ver eu me matando aos poucos

Com cerveja, cigarro e gin.

  

Percival Lelo Gomes

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Noite vermelha {Tempestade}

E assim, como que vindo do nada,

Ela veio com tudo

E quase reduziu

Nossas vidas pela metade.


Tempestade!

De areia e terra.

Deixou nossa cidade

Com cara de pós-guerra.

O dia claro, ficou escuro.

Noite vermelha!

Em plena tarde de sexta feira.

E olha que nem era 13!

Vento cheio e com cheiro de perigo.

E jazigo!

Nos colocou medo e cobriu nossa vista.

Nos fez orar. Nos fez ver a vida

Sob um novo ponto de vista.

 

Ganancia! Falta de respeito!

Avareza!

Deixou fora de tom a nossa natureza.

Então, não teve outro jeito.

Ela reagiu!

De um modo como nunca dantes se viu.

O dia virou, em plena tarde de sexta!

Em plena luz do dia!

Noite vermelha!

Arrancou arvores,

Fez voar telhas.

E isto, foi só uma centelha.

Ou paremos e reparemos tudo agora,

Ou o fim de tudo, será apenas

Uma questão de hora!


Percival Lelo Gomes



segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Esta parte do meu corpo

 Existe uma parte do meu corpo

Que toda vez que eu toco,

Me lembro de você!

Esta parte é quente

E reage ao toque e às emoções.

Pulsa forte quando é estimulado

Pelos desejos e pelas paixões.

 

Esta parte do meu corpo,

Fica ali tranquila em repouso

Mas, quando te vejo, escuto a tua voz

Ou sinto o teu perfume,

Fica quente e brilha como uma vaga-lume

E incendeia a minha escuridão.

Esta parte do meu corpo,

É o meu coração!


Percival Lelo Gomes

 

 

 

Poesia em Fatias

Já há muito tempo,

Fatiaram o dia, fatiaram o ano

E fatiaram o próprio tempo.

Em pequenas fatias também,

Servem os nossos alimentos.

Em fatias e em pequenos pedaços

E querem fatiar a todo custo

Os nossos beijos e os nossos abraços.

 

A ‘high tech” com sua “wi-fi”

Vem fatiando nossos sentimentos

E nos deixando pouco atento

Pra quem entra em nossas vidas

E pra quem sai.

Pra quem fica e pra quem vai.

 

Estão cada vez mais,

Fatiando tudo ao nosso redor.

Fatiam a nossa crença, a nossa fé

Na tentativa de fatiar o bolo todo

E nos dar apenas o pedaço menor.

Estão, pouco a pouco,

Fatiando nossos corações,

Fazendo em pedaços os nossos sentimentos

E tentando nos dar apenas

Desalento e dor.

Estão pisando em nosso jardim

E fatiando a nossa bela flor.


Estão nos fatiando aos poucos

E tentando nos fazer sumir.

Então, vamos reagir!

Não vamos permitir

Que ponham fogo na nossa noite

E nem trevas em nosso dia.

Se tivermos que fatiar alguma coisa,

Vamos fatiar a paz e o amor.

Vamos ligar o nosso “aplicativo”,

Pegar nosso “veículo” e pôr à bordo,

A Grande Força que nos guia

E distribuir pra todo mundo,

Abençoadas fatias

De louvor e de solidariedade

Em forma de poesia!


Percival Lelo Gomes

domingo, 3 de outubro de 2021

Quando chegar a tua vez

Quando tudo parecer abismo

Após um abalo sísmico

De densidade oito,

Não se misture nos escombros.

Seja afoito!

Este amontoado de corações partidos

E olhos no chão,

Gritam em silêncio por um pouco de amor e atenção.

Quando todos os pés vagarem a esmo rumo ao precipício,

Estenda suas mãos, cheias daquele amor do início.

Seja luz! Mostre a direção!

Seja oxigênio no meio desta poluição!

Quando estiver árido o solo das emoções

E baixa a umidade relativa das paixões e da amizade,

Seja aquela chuva serôdia, cheia de humanidade.

Espalhe benção neste deserto de maldições!

E... “Quando tudo for espinho", fetidez e dor,

E chegar a tua vez,

"Atreva-se a ser perfume e flor.”

 

Nesta terra repleta de demência e indecência,

Também tem espíritos cheios de carência

Em busca de socorro pra cura do seu mal.

Então, faça a diferença. Ouça mais. 

Acolha mais e fale menos

Seja mais “hospital” e menos “tribunal”.

Seja grande! Sonhe grande!

O mundo tá cheio e “anda cheio”

De corações pequenos!


Percival Lelo Gomes