sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A perereca do meu quintal

A perereca do meu quintal

Meu quintal tem muita água e lamaçal.
Parece até um pedaço do Pantanal.
Lá tem sapo, tem rã e tem libélula.
Mau quintal parece até uma lagoa.
Mas, lá também  tem coisa boa.
Lá tem um jirau  que construí
Com uns pedaços de madeira
Da minha velha perna de pau.

Debaixo dele mora uma perereca
Diferente das pererecas da região.
E a sapeca não coaxa como uma qualquer não.
Ela canta num ritmo dançante e cadente.
Canta tão bem que até parece gente.
Ela tem uma cantiga tão bela,
Que um nome então eu tive que dar a ela.
Por parecer um abacate,
Só que com pelo e rechonchuda,
Eu a chamei  carinhosamente
De Abeluda.

Mas, lá do lado também tem uma guria
Que não gosta de ouvir a Abeluda cantar.
E quando eu sento pra ouvir a cantoria,
Ela senta na minha frente e fica gritando alto
Só pra me atrapalhar.
Isto pra mim é o fim.
Então, eu grito assim:
Ô guria! Levanta! Saia!
Que eu quero ver a perereca Abeluda
Cantar entre as pernas de pau
Que eu usei pra fazer um jirau!

Percival Percigo Gomes

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